Cirurgia para retirar a vesícula biliar: quando é indicada?

Dr. Marcel Autran Machado Especialista em cirurgia do aparelho digestivo e cirurgia minimamente invasiva

Postado em: 28/04/2025

A Cirurgia para Retirada da Vesícula Biliar, chamada de colecistectomia, é um procedimento comum na cirurgia do aparelho digestivo, indicado em casos de cálculos biliares (pedras na vesícula) ou inflamações recorrentes, como a colecistite aguda.

A intervenção é importante para evitar complicações graves, como a obstrução do fluxo da bile, que pode comprometer o funcionamento do fígado, pâncreas e das vias biliares.

A vesícula biliar é um pequeno órgão localizado abaixo do fígado, responsável por armazenar e concentrar a bile, líquido que auxilia na digestão de gorduras no intestino.

Os cálculos biliares geralmente se formam devido ao excesso de colesterol na bile, e podem bloquear parcial ou totalmente sua saída, provocando dor abdominal intensa ou inflamações severas.

Quando os cálculos atingem o canal biliar principal (ducto colédoco), podem causar icterícia, colangite (infecção nas vias biliares) ou até pancreatite aguda, condição grave que exige atendimento médico imediato.

Neste artigo, explico de forma clara quando a colecistectomia é indicada, quais são os principais sintomas e como o procedimento é realizado. Acompanhe para saber mais!

Quando é indicada a cirurgia de vias biliares?

A cirurgia de vias biliares, especialmente a colecistectomia (remoção da vesícula biliar), é indicada para tratar e prevenir complicações relacionadas à presença de cálculos biliares.

Mesmo em pacientes assintomáticos, a retirada da vesícula pode ser recomendada logo após o diagnóstico, devido ao risco de inflamações agudas, obstruções biliares e infecções graves causadas pelos cálculos.

Apesar de ser uma cirurgia eletiva, o cirurgião do aparelho digestivo pode indicar a intervenção precoce para evitar uma possível cirurgia de urgência, que tende a ser mais complexa e com maior risco ao paciente.

Muitos só procuram atendimento quando surgem os desconfortos, mas aguardar o início dos sintomas pode aumentar o risco de complicações sérias, como colecistite aguda, colangite ou até pancreatite.

Por isso, o acompanhamento médico regular é fundamental para avaliar a evolução do quadro e definir o momento mais seguro para a cirurgia.

Vesícula inflamada

A colecistite é uma inflamação da vesícula, normalmente causada pela obstrução do ducto biliar por um cálculo. Esse bloqueio impede a saída da bile, provocando dor intensa e o acúmulo de líquido, que pode evoluir para infecção caso haja contaminação por bactérias.

Em casos mais graves, a colecistectomia de urgência é necessária para evitar complicações como perfuração da vesícula, abscessos ou infecção generalizada.

Nem sempre a inflamação apresenta sintomas nos estágios iniciais, o que torna o diagnóstico precoce ainda mais importante.

Sintomas de vesícula inflamada

A inflamação da vesícula biliar pode ser silenciosa nos estágios iniciais. Porém, quando surgem sinais clínicos, os mais comuns são:

  • Dor abdominal intensa no quadrante superior direito, abaixo das costelas;
  • Náuseas e vômitos, especialmente após refeições ricas em gordura;
  • Febre, indicando possível infecção associada à inflamação;​
  • Icterícia (pele e olhos amarelados), sugerindo possível obstrução biliar.

A presença desses sintomas pode indicar uma inflamação em evolução. Buscar avaliação médica especializada com urgência é essencial para evitar complicações.

Pedras na vesícula 

As pedras na vesícula se formam por depósitos de colesterol ou bilirrubina que, com o tempo, se cristalizam e obstruem o fluxo da bile até o intestino. Essa obstrução pode provocar dor intensa, além de outros sintomas digestivos.

Nem todos os pacientes com cálculos apresentam sintomas, mas quando ocorrem, costumam incluir:

  • Cólica biliar intensa, especialmente no lado superior direito do abdômen;
  • Dor irradiada para as costas, ombro direito ou região torácica;
  • Náuseas e vômitos frequentes;
  • Sensação de empachamento e intolerância a alimentos gordurosos.

A dor pode surgir logo após as refeições e desaparecer com o tempo, o que pode levar o paciente a confundir o quadro com um simples desconforto digestivo.

Causas do cálculo biliar

Como cirurgião do aparelho digestivo, frequentemente atendo pacientes preocupados com a formação de cálculos biliares, também conhecidos como pedras na vesícula

Essas estruturas sólidas podem se formar por diversos motivos, sendo os hábitos alimentares e o estilo de vida os principais responsáveis.​

Os fatores de risco mais comuns incluem:​

  • Dieta rica em gorduras saturadas e carboidratos refinados;
  • Baixa ingestão de fibras, que auxiliam no controle do colesterol;
  • Sedentarismo, que pode elevar o colesterol LDL (colesterol “ruim”);
  • Diabetes, que altera o metabolismo da bile;
  • Obesidade ou ganho rápido de peso;
  • Alterações hormonais, como o aumento de estrogênio, comum em mulheres que fazem uso de anticoncepcionais ou terapia de reposição hormonal;
  • Histórico familiar, indicando predisposição genética;
  • Jejum prolongado, que pode afetar o esvaziamento da vesícula biliar.

Além disso, o uso prolongado de certos medicamentos também pode influenciar na formação dos cálculos, ao alterar o esvaziamento da vesícula biliar.​

Técnicas cirúrgicas para retirada da vesícula biliar

Quando a cirurgia é indicada, existem três abordagens principais para a colecistectomia (remoção da vesícula biliar):​

1. Videolaparoscopia

Atualmente, é a técnica mais utilizada. Trata-se de um procedimento minimamente invasivo, realizado por meio de pequenas incisões e uso de uma microcâmera. Entre os principais benefícios estão:​

  • Menor dor no pós-operatório;
  • Redução no tempo de internação;
  • Recuperação mais rápida;
  • Menor risco de infecção e complicações.

2. Cirurgia robótica

Uma evolução da videolaparoscopia, a cirurgia robótica permite maior precisão, visualização tridimensional e movimentos mais delicados em áreas anatômicas complexas. Quando disponível, pode oferecer ainda mais segurança em casos específicos.​

3. Cirurgia convencional

A colecistectomia aberta é indicada em casos mais complexos, como pacientes com múltiplas cirurgias abdominais anteriores, inflamações graves ou quando há contraindicações para técnicas minimamente invasivas.

Nessa abordagem, realiza-se uma incisão maior no abdômen para acesso direto à vesícula biliar. Embora eficaz, a recuperação tende a ser mais prolongada, geralmente entre 4 e 6 semanas, devido à cicatrização de várias camadas de tecido.

Essa técnica é reservada para situações específicas, sendo fundamental uma avaliação criteriosa para determinar a melhor abordagem cirúrgica para cada paciente.

Avaliação especializada: cuide da sua saúde digestiva

Sintomas como dor abdominal, náuseas, distensão abdominal ou icterícia podem indicar problemas no sistema digestivo, como cálculos biliares. Quando não tratados, esses quadros podem evoluir para complicações mais graves.

Durante a consulta, avalio seu histórico de saúde, solicito exames e definimos juntos o tratamento mais adequado, sempre priorizando sua segurança e bem-estar.

Não deixe esses sinais passarem despercebidos. Fale comigo e conte com um cuidado médico personalizado e baseado em evidências.

Dr. Marcel Autran Machado
Cirurgião do Aparelho Digestivo
CRM-SP: 70.330 I RQE: 95.617 I 956.171

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