Cirurgia do fígado: quando a intervenção é inevitável?
Dr. Marcel Autran Machado Especialista em cirurgia do aparelho digestivo e cirurgia minimamente invasivaPostado em: 04/03/2025
A Hepatectomia, chamada também de ressecção hepática, é um procedimento cirúrgico que consiste na remoção de uma parte do fígado. Essa cirurgia é indicada para tratar doenças hepáticas, como câncer de fígado e tumores benignos, além de ser uma opção em casos de cirrose avançada ou outras condições que comprometam o funcionamento do órgão.

Mas afinal, quando essa intervenção se torna necessária e como ela é realizada? Continue a leitura, pois vou explicar em detalhes em quais situações a hepatectomia é indicada e quando esse procedimento se torna inevitável.
O que é hepatectomia?
A hepatectomia, ou ressecção hepática, é uma cirurgia que envolve a remoção parcial ou total do fígado. Esse órgão tem uma notável capacidade de regeneração, permitindo a retirada de até dois terços sem comprometer sua função, desde que a parte restante esteja saudável. Quando a remoção é total, o transplante hepático se torna necessário.
Esse procedimento pode ser realizado tanto para o tratamento de doenças hepáticas, como tumores e cirrose avançada, quanto para a doação de parte do fígado em transplantes de doador vivo. Por ser um órgão altamente vascularizado, a hepatectomia exige extrema precisão cirúrgica para evitar sangramentos significativos.
Em casos menos complexos, a remoção de pequenas porções do fígado pode ser feita por técnicas minimamente invasivas, como laparoscopia ou cirurgia robótica. Já ressecções mais extensas apresentam maior complexidade e demandam um planejamento rigoroso para garantir segurança e eficácia.
A escolha da abordagem cirúrgica mais adequada depende do quadro clínico do paciente e da complexidade do caso, sendo fundamental uma avaliação detalhada para definir a melhor estratégia de tratamento.
Tipos de hepatectomia
A hepatectomia pode variar conforme a parte do fígado que precisa ser removida. A escolha do tipo de cirurgia depende da localização do problema e da saúde geral do paciente. Os principais tipos são:
- Hepatectomia total: remoção completa do fígado, indicada em casos de transplante hepático.
- Hepatectomia direita: retirada da parte direita do fígado.
- Hepatectomia esquerda: remoção da parte esquerda do fígado.
- Segmentectomia: remoção de apenas um pequeno pedaço do fígado, quando a lesão está bem localizada.
- Bisegmentectomia: retirada de dois segmentos próximos, como a bisegmentectomia lateral esquerda.
- Hepatectomia ampliada: em alguns casos, pode ser necessário remover uma parte maior do fígado, como o lobo direito e parte do esquerdo (trissegmentectomia direita) ou o lobo esquerdo e uma parte do centro do fígado (trissegmentectomia esquerda).
A decisão sobre qual tipo de hepatectomia realizar é feita com base em exames detalhados, como tomografia e ressonância magnética, que ajudam a determinar a extensão da doença e a melhor abordagem para cada caso.
Quando a hepatectomia é indicada?
Indico a hepatectomia em diversas situações, principalmente quando há necessidade de tratar doenças graves que comprometem o funcionamento do fígado. Entre as indicações mais comuns estão:
- Tumores hepáticos malignos: realizo a hepatectomía em casos de carcinoma hepatocelular, o tipo mais comum de câncer de fígado, além de outros tumores como colangiocarcinoma e metástases hepáticas.
- Tumores hepáticos benignos: a remoção parcial do fígado pode ser recomendada para tratar adenomas, hemangiomas e outras lesões benignas que causem sintomas, apresentem risco de ruptura ou tenham potencial de transformação maligna.
- Doenças hepáticas avançadas: pacientes com cirrose avançada, causada por hepatite grave ou doença hepática gordurosa não alcoólica, podem necessitar de cirurgia do fígado caso desenvolvam carcinoma hepatocelular.
- Lesões traumáticas graves: em acidentes automobilísticos, ferimentos por arma de fogo ou outros traumas severos, a hepatectomia pode ser necessária para controlar sangramentos e preservar a função hepática.
- Transplante de fígado: a hepatectomia total faz parte do transplante hepático, no qual um fígado doente é substituído por um órgão saudável de um doador compatível.
Cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando a condição clínica do paciente, a localização da lesão e a viabilidade da cirurgia para garantir os melhores resultados. Como especialista em cirurgia do aparelho digestivo, realizo essa análise com critério, buscando sempre a abordagem mais segura e eficaz para cada paciente.
Quais os cuidados após a hepatectomia?
Além de saber quando a hepatectomia é indicada, é essencial compreender os cuidados necessários para uma recuperação segura e sem complicações no pós-opertório.
O tempo de recuperação varia conforme a extensão da cirurgia, mas sempre envolve um período inicial de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Durante essa fase, monitoro de perto a função hepática do paciente para garantir que o fígado remanescente esteja funcionando adequadamente.
A regeneração completa do fígado pode levar até oito semanas. Nesse período, é fundamental seguir todas as minhas orientações, incluindo repouso adequado, alimentação balanceada e retorno gradual às atividades diárias. As recomendações variam conforme o tipo de hepatectomia e a condição tratada, sendo indispensável um acompanhamento médico rigoroso.
Conte com um especialista para cuidar da sua saúde hepática
A decisão de realizar uma cirurgia no fígado requer conhecimento, experiência e um planejamento cuidadoso. Se você ou um familiar precisa de uma avaliação especializada, estou à disposição para esclarecer dúvidas e indicar a melhor abordagem para o seu caso. Entre em contato comigo e tenha a tranquilidade de um acompanhamento médico de excelência.
Dr. Marcel Autran César Machado
Cirurgião do Aparelho Digestivo
CRM-SP: 70330 | RQE: 95617 / 956171
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