Tratamento para tumor de fígado: hepatectomia com acesso Glissoniano

Dr. Marcel Autran Machado Especialista em cirurgia do aparelho digestivo e cirurgia minimamente invasiva
Tratamento para tumor de fígado: hepatectomia com acesso Glissoniano

Geralmente, em casos de tumores encontrados no fígado, recomenda-se cirurgia para retirar toda área afetada. Além disso, pode ser necessário realizar quimioterapia ou radioterapia antes da própria cirurgia, com o objetivo de diminuir o tamanho do câncer e facilitar toda sua remoção.

Assim, em casos gravíssimos, em que o câncer já se espalhou pelo corpo do indivíduo, utiliza-se também  a quimioterapia e radioterapia após o procedimento cirúrgico, para tentar eliminar toda e qualquer célula restante. Se existir ainda outras doenças, a remoção da parte do fígado pode ser mais complicada. Nestes casos, geralmente indica-se o transplante de fígado para tentar alcançar a cura.

Tipos mais comuns

Em suma, o câncer de fígado pode ser primário, quando surge diretamente no fígado ou secundário, por disseminação ou metástase de câncer de outros órgãos, como estômago, intestino, etc.

Assim, o tipo mais comum de câncer primário é o hepatocarcinoma, sendo também o mais agressivo. Origina-se nas principais células que formam o fígado, chamadas de hepatócitos. Além deste, existe também o colangiocarcinoma, que tem sua origem associada nas vias biliares.

Sintomas mais comuns de tumor no fígado

Em síntese, os sintomas mais comuns que pode surgir associados ao câncer do fígado, são os seguintes:

  • Pele e olho amarelados;
  • Perda total do apetite;
  • Cansaço;
  • Perda de peso;
  • Dor na barriga, principalmente do lado direito do abdômen;
  • Enjoos constantes.

A maioria destes sintomas surge com o câncer já está bastante desenvolvido. Dessa forma, para a maioria dos casos, ele é descoberto em fases avançadas, o que diminui bastante suas chances de cura. Portanto, quando existirem fatores de risco como doenças do fígado e consumo de álcool, torna-se interessante consultas regulares ao hepatologista para avaliação constante do membro e as alterações que possam surgir.

Tratamentos associados

Logo após o diagnóstico, o médico irá discutir com seu paciente as opções de tratamento. Assim, dependendo do estágio da doença e outros fatores, as principais opções de tratamento incluem cirurgia, embolização, radioterapia, terapia-alvo e quimioterapia. Além disso, em alguns casos, usa-se a combinação destes para melhorar e tornar o tratamento mais eficiente.

Cirurgia

Assim, a doença pode ser tratada por meio cirúrgico nas fases em que o tumor é único não invadiu os vasos sanguíneos ao redor do fígado (lembrando que o fígado é um órgão altamente vascularizado). A isto, chama-se estádio I. Quando os vasos sanguíneos foram invadidos ou se há múltiplos tumores espalhados pelo fígado, chama-se Estádio II. Assim, uma das técnicas mais empregadas é a Hepatectomia, que iremos descrever abaixo.

Hepatectomia

Em suma, a retirada de parte do fígado apresenta melhores resultados em tumores únicos e pequenos. Assim, as condições clínicas devem ser boas e a função hepática deve ser preservada. Isto porque, o órgão precisa destes detalhes para regenerar a porção perdida, sem comprometer sua própria função. Com o avanço da medicina, atualmente é possível realizar a técnica por via minimamente invasiva, possibilitando um pós operatório com menor risco de complicações.

Hepatectomia com acesso Glissoniano

A princípio, o fundamento básico que garante uma ressecção hepática segura através da técnica Glissoniana intra-hepática é anatômica: enquanto o método clássico de abordagem das estruturas do pedículo hepático prevê o isolamento da veia porta, artéria hepática e via biliar fora da substância hepática, na técnica Glissoniana intra-hepática, o parênquima é cortado junto à fissura hepática principal e o isolamento das estruturas do pedículo é feito dentro do fígado onde essas estruturas são envelopadas por uma bainha derivada da cápsula de Glisson.

Contudo, a realização desta técnica, é bastante difícil: para o profissional, demanda uma compreensão tridimensional, aliado a uma boa coordenação motora.

Métodos de Incisão

Assim, para realização do tratamento, o fígado é mobilizado  de modo habitual para expor toda a sua superfície visceral. A partir daí, libera-se todos os ligamentos falciformes e triangulares. Além disso, se existente, libera-se a vesícula biliar e usa-se  durante o procedimento, ajudando a tracionar o duto hepático e serve de guia para identificação da porta hepatis. Por fim, para todo isolamento, duas incisões são feitas, sendo uma posterior e outra anterior ao hilo. Dessa forma, podemos enunciar os dois métodos mais utilizados para essas incisões:

  • Método 1: realiza-se uma incisão localizada à direita no sentido da veia cava inferior. A segunda incisão realiza-se anteriormente ao hilo, na fossa vesicular.
  • Método 2: Usado com mais frequência, esse método posiciona as incisões em sentido horizontal. A incisão anterior, vai do leito da vesícula até a fissura umbilical. Já a incisão posterior, pode por vezes, ocasionar um sangramento, como resultado da secção das veias hepáticas. Geralmente, esse sangramento é espontâneo. Após ser isolado,  uma fita pode ser passada em torno de cada uma das bainhas, com o objetivo de promover sua tração.

Por fim, após o término do procedimento, todas as incisões são suturadas, e inicia-se a recuperação do paciente.

Recuperação do paciente

Assim, no período pós-operatório imediato, o paciente deve ficar na UTI, para seu monitoramento. A dieta inicia-se por via oral normalmente no primeiro dia após a cirurgia. Como retirou-se parte do fígado, sua regeneração começa em 48 horas, e atinge o tamanho desejado em 3 a 4 semanas. Em fígados mais saudáveis, retira-se até 75% do volume. A função do órgão vital volta ao normal em 6 a 8 dias!

Especialista em cirurgia do aparelho digestivo, o Dr. Marcel Autran Machado tem experiência em cirurgias complexas que realizam-se por poucas equipes no país, através do uso de novas tecnologias, incluindo técnicas minimamente invasivas, laparoscopia e cirurgia robótica. 

Dentre os principais tratamentos realizados pelo profissional estão o câncer de pâncreas e de fígado e cuidados com o sistema digestivo como um todo, o que abrange o esôfago, estômago, vesícula biliar, pâncreas, fígado e intestino delgado e grosso.

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