Câncer de pâncreas: saiba mais sobre a cirurgia por laparoscopia
Dr. Marcel Autran Machado Especialista em cirurgia do aparelho digestivo e cirurgia minimamente invasivaPostado em: 22/03/2021
Atualmente, existem dois tipos de cirurgias utilizadas para o tratamento do câncer no pâncreas. A cirurgia potencialmente curativa, que realiza-se quando os resultados dos exames sugerem que é possível a remoção do tumor, e a cirurgia paliativa, quando a doença está disseminada, com o intuito de aliviar os sintomas, sem caráter curativo.
Além disso, estudos mostram que a remoção de apenas de parte do tumor não aumenta a sobrevida, de modo que a cirurgia potencialmente curativa é realizada apenas quando é possível a remoção total do tumor. Mesmo assim, esta é uma cirurgia muito difícil de ser realizada, devido às complicações e a recuperação lenta.
Assim, para sabermos o melhor tipo de cirurgia, é importante conhecer o estadiamento da doença. Portanto, a laparoscopia é feita inicialmente para determinar a extensão do tumor e se ele pode ser realmente ressecado cirurgicamente.
A cirurgia pode curar o câncer de pâncreas?
Na verdade, a única chance para que o câncer no pâncreas seja curado completamente é por meio de uma cirurgia. Contudo, isso nem sempre leva a cura total. Isto acontece pelo fato que algumas células cancerígenas remanescentes disseminam-se para outras partes do corpo, mesmo que o tumor seja completamente removido.
Dessa forma, essas células remanescentes transformam-se em novos tumores, ainda mais difíceis de encontrar tratamento adequado.
Por último, vale ressaltar a indicação das cirurgias curativas quando o tumor localiza-se na cabeça do pâncreas. Assim, por se encontrar próximo ao conduto biliar, esse tumor provoca icterícia, favorecendo um diagnóstico mais precoce para sua remoção.
Pancreatectomia Total
A pancreatectomia total consiste na remoção de todo o pâncreas, bem como a vesícula biliar, duodeno, intestino delgado e o baço. Ela torna-se opção quando o tumor ocupa todo o pâncreas ou nos tumores intra-ductais do tipo 1 (IPMN) que acometem o ducto pancreático principal em toda a sua extensão.
Pancreatectomia Total Laparoscópica ou Robótica
Uma pequena incisão é realizada e por onde é introduzido o laparoscópio (aparelho usado para visualizar e tratar a região abordada), que consiste em um fino tubo de fibras óticas. Assim, através dele, ele poderá visualizar os órgãos internos e fazer as intervenções.
Em suma, todos os instrumentos usados na laparoscopia são semelhantes aos usados nas cirurgias tradicionais, só que mais delicados. Além disso, se introduz uma certa quantidade de gás (dióxido de carbono) na cavidade abdominal, com fins de expandi-la, e criar um campo de trabalho mais propício para se realizar a cirurgia.
A Robótica é idêntica porém possui instrumentos melhores e mais precisos para realizar este tipo de cirurgia por via minimamente invasiva. Desde 2018, só realizamos este tipo de cirurgia por via robótica, que nada mais é que a própria videolaparoscopia acrescida de instrumentos robotizados que melhora a precisão do procedimento.
Riscos de uma pancreatectomia total
Em suma, como todo e qualquer procedimento cirúrgico, os riscos sempre existem. No caso da pancreatectomia total, podemos citar alguns, dentre os quais:
- Sangramento;
- Esvaziamento gástrico retardado;
- Fístula biliar
É possível viver sem o pâncreas?
Sim, é totalmente possível. Quando remove-se o órgão inteiro, os pacientes ficam sem quaisquer células que produzem insulina e os outros hormônios pelos quais ele é responsável. No entanto, o acompanhamento endocrinológico especializado pode minimizar esses problemas. Os pacientes que fazem este tipo de cirurgia também passam a ingerir comprimidos de enzimas pancreáticas, para ajudar na digestão de determinados alimentos.
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Artigo escrito pelo Dr. Marcel Autran
Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo com área de atuação em Cirurgia Videolaparoscópica