Preparação para a Cirurgia de Vias Biliares: o que esperar antes e durante o procedimento

Dr. Marcel Autran Machado Especialista em cirurgia do aparelho digestivo e cirurgia minimamente invasiva

Postado em: 28/04/2025

Cirurgia de Vias Biliares

A Cirurgia de Vias Biliares é indicada para tratar condições como cálculos biliares, estenoses dos ductos e alterações na drenagem da bile, que podem provocar dor abdominal, icterícia e infecções recorrentes.

O procedimento pode ser realizado por videolaparoscopia, técnica minimamente invasiva com recuperação mais rápida, ou por cirurgia aberta, em casos mais complexos. A escolha depende da gravidade do quadro e da avaliação individualizada.

Neste texto, vou explicar como se preparar para a intervenção cirúrgica, o que acontece durante a cirurgia e os cuidados no pós-operatório. Entender cada etapa ajuda a enfrentar o tratamento com mais segurança e tranquilidade. Boa leitura!

Como se preparar para a cirurgia de vias biliares?

A preparação para a cirurgia de vias biliares é fundamental para garantir que o procedimento ocorra com segurança, eficácia e menor risco de complicações.

Esse preparo envolve uma série de medidas clínicas e orientações personalizadas, que variam conforme o estado de saúde do paciente e a complexidade do quadro. A seguir, destaco os principais pontos que costumo abordar com meus pacientes antes da cirurgia.

Consulta pré-operatória

A consulta pré-operatória é uma etapa fundamental na preparação para a cirurgia de vias biliares. Nela, avalio o histórico médico, os sintomas e os exames laboratoriais e de imagem, como ultrassonografia, tomografia ou colangiorressonância.

Também explico os objetivos da cirurgia, os principais riscos e benefícios, e respondo eventuais dúvidas.

Esse momento permite identificar comorbidades como diabetes, hipertensão ou doenças cardíacas, que podem influenciar na anestesia e na recuperação, possibilitando um plano cirúrgico mais seguro e personalizado.

Exames complementares

Dependendo do caso, costumo solicitar exames como:

  • Ultrassonografia abdominal;
  • Tomografia computadorizada;
  • Ressonância magnética das vias biliares (colangiorressonância);
  • Exames laboratoriais, como hemograma, coagulograma e função hepática.

Esses exames ajudam a confirmar o diagnóstico, identificar cálculos biliares, estenoses ou inflamações, além de fornecer informações cruciais para o planejamento cirúrgico.

Uso de medicamentos

Alguns pacientes podem precisar de ajustes na medicação antes da cirurgia. Quando necessário, prescrevo antibióticos profiláticos, analgésicos ou oriento a suspensão temporária de anticoagulantes para reduzir o risco de infecções e sangramentos.

É importante informar ao cirurgião do aparelho digestivo sobre o uso de qualquer medicamento, suplemento ou produto fitoterápico, pois essas substâncias podem interferir na segurança do procedimento.

Jejum pré-operatório

O jejum pré-operatório é imprescindível para procedimentos sob anestesia geral. De acordo com as diretrizes atuais de anestesiologia, as orientações são:

  • Evitar alimentos sólidos por pelo menos 8 horas antes da cirurgia;
  • Permitir líquidos claros (como água, chá sem açúcar ou suco) até 2 horas antes do procedimento.

Essa medida reduz o risco de aspiração pulmonar, complicação rara, porém grave, que pode ocorrer durante a indução anestésica.

Sempre reforço com meus pacientes que o jejum adequado é uma etapa simples, mas crucial para garantir a segurança da anestesia e o bom andamento da cirurgia.

Limpeza intestinal

A limpeza intestinal pode ser recomendada em situações específicas, principalmente quando a cirurgia envolve a manipulação do intestino ou é realizada por via aberta.

Nesses casos, pode ser necessário o uso de laxantes orais, sempre com orientação médica adequada.

Para cirurgias realizadas por videolaparoscopia, esse preparo geralmente não é necessário, a menos que o quadro clínico do paciente exija uma abordagem mais cautelosa.

Internação hospitalar

No dia da cirurgia de vias biliares, o paciente é admitido no hospital e passa por procedimentos preparatórios.

Isso inclui a troca de roupas por traje cirúrgico estéril, avaliação de sinais vitais, inserção de acesso venoso para administração de medicações e líquidos, e avaliação pré-anestésica para confirmar as condições clínicas adequadas ao procedimento.

Orientações sobre o pós-operatório

Ainda no pré-operatório, o paciente recebe instruções claras sobre os cuidados após a cirurgia, incluindo:

  • Manejo da incisão cirúrgica;
  • Uso correto das medicações prescritas;
  • Limitações e permissões para atividades físicas;
  • Data prevista para o retorno ambulatorial.

Essas orientações são necessárias para uma recuperação segura e eficiente, além de ajudar o paciente a se preparar adequadamente para o período pós-cirúrgico.

Como funciona a cirurgia de vias biliares?

A cirurgia de vias biliares pode ser realizada por diferentes abordagens, dependendo da condição do paciente e da complexidade do caso. 

Atualmente, os avanços em técnicas minimamente invasivas e o uso crescente da cirurgia robótica têm ampliado as possibilidades de tratamento com mais segurança e melhores resultados.

A seguir, explico as duas abordagens mais comuns:

1. Colecistectomia laparoscópica

A colecistectomia laparoscópica é a técnica padrão para a remoção da vesícula biliar e, em alguns casos, permite também o acesso às vias biliares para extração de cálculos ou resolução de obstruções.

O procedimento é realizado por meio de pequenas incisões abdominais, por onde são inseridos o laparoscópio — um instrumento com câmera de alta definição — e os instrumentos cirúrgicos.

As imagens captadas são exibidas em um monitor, permitindo ao cirurgião operar com precisão e controle. Trata-se de uma abordagem minimamente invasiva, associada a diversos benefícios:

  • Menor dor no pós-operatório;
  • Redução do tempo de internação;
  • Recuperação mais rápida e retorno precoce às atividades diárias;
  • Menor risco de infecções e menor formação de aderências.

2. Cirurgia aberta

A cirurgia aberta é indicada quando a videolaparoscopia não é segura ou viável, como em casos de:

  • Inflamação intensa (colecistite aguda grave);
  • Infecção disseminada (colangite ou peritonite);
  • Aderências abdominais extensas;
  • Anatomia alterada por cirurgias anteriores.

Nesse método, é feita uma incisão maior no abdômen, permitindo ao cirurgião acesso direto à vesícula e às vias biliares para realizar a remoção do órgão e o tratamento das alterações com maior amplitude de ação.

Apesar de ser mais invasiva, continua sendo uma abordagem segura e necessária em casos complexos, embora envolva:

  • Maior tempo de internação hospitalar;
  • Recuperação mais lenta;
  • Cuidados pós-operatórios mais intensos.

Inovações e cirurgia robótica

Em centros especializados, a cirurgia robótica tem sido utilizada como alternativa em casos selecionados.

Essa técnica combina os benefícios da laparoscopia com uma precisão cirúrgica superior, graças à visão tridimensional aumentada e ao controle avançado dos instrumentos.

Em casos complexos, como obstruções biliares e cirurgias reconstrutivas, essa tecnologia tem se mostrado eficaz, com menor risco de complicações e excelentes resultados pós-operatórios.

Tratamento cirúrgico das vias biliares com segurança e precisão

Se você precisa tratar cálculos, estenoses ou outras alterações nas vias biliares, conte com um acompanhamento especializado e técnicas atualizadas.

Entre em contato para agendar uma avaliação e esclarecer todas as suas dúvidas. Estou à disposição para conduzir seu tratamento com excelência, segurança e atendimento humanizado.

Dr. Marcel Autran César Machado
Cirurgião do Aparelho Digestivo
CRM-SP: 70330 | RQE: 95617 / 956171

Leia também:

Esse post foi útil?

Clique nas estrelas

Média / 5. Votos:

Seja o primeiro a avaliar este post.