Cirurgia robótica

A Cirurgia Robótica nada mais é que uma cirurgia minimamente invasiva (videolaparoscopia) com o auxílio de uma plataforma robótica. São utilizadas pequenas incisões (como na videolaparoscopia) e por essas incisão são introduzidos instrumentos robotizados. Ou seja, são controlados pelo cirurgião que fica num console. Os movimentos delicados e semelhantes ao da mão humana fazem com que cirurgias mais complexas possam ser realizadas com mais precisão. O cirurgião faz o movimento no console e o robô transfere esses movimentos para os instrumentos, mas com filtro de tremor e com amplitudes modificadas. A visão que o cirurgião tem no console é em 3 dimensões (3D) real em imersão. Desta maneira podemos ter um grande aumento na imagem e movimentos que seriam dificilmente realizados a olho nu podem ser realizados facilmente no console.

Apesar de não ser uma especialidade, para a realização de cirurgia digestiva com o uso do robô (cirurgia robótica) o cirurgião precisa ser especialista em cirurgia do aparelho digestivo com área de atuação em cirurgia videolaparoscópica. Além disso, precisa ter certificação para seu uso. Esta certificação é dada pelo fabricante do robô após longo período de treinamento e realização de cirurgias supervisionadas (por proctor). Pacientes que necessitam de cirurgias do aparelho digestivo podem ter um acesso à medicina avançada que agrega inúmeros benefícios.

Como surgiu a cirurgia robótica?

A princípio, a cirurgia robótica surgiu nos anos 80, nos Estados Unidos, devido a necessidade de realizar o procedimento de forma remota em campos de guerra, substituindo médicos e dando lugar à telecirurgia, inspirada inicialmente no conceito dos aviões não tripulados. 

Foi quando em 1995, o primeiro robô cirúrgico foi lançado e apresentado ao mercado nos anos 2000, para utilização inicial em cirurgias laparoscópicas.

E em 2008, o método foi introduzido no Brasil e na América Latina, e desde então os modelos e instrumentos para cirurgia robótica foram evoluindo, o que permitiu o sucesso dos procedimentos, inclusive, quando comparado aos métodos tradicionais, por exemplo, as cirurgias abertas.

Em 2016, o país foi o segundo no mundo a realizar a telecirurgia, um procedimento na região da próstata, que a saber, é um dos tipos de câncer que mais acomete os homens, mas, que se beneficia dos cortes minimamente invasivos entre outros aspectos próprios do robô.

A telecirurgia é feita por meio de um computador com acesso à internet de alta velocidade, onde a equipe médica qualificada monitora e controla o robô responsável pelo procedimento no paciente à distância.

Como funciona a cirurgia robótica?

A cirurgia robótica funciona por meio de um médico que visualiza a parte interior do paciente por uma câmera 3D, uma câmera especial conhecida como laparoscópico e que por meio de pequenas incisões o médico controla o robô e seus braços robóticos, que executam a operação conforme seus comandos. 

É possível realizar desde cirurgias em órgãos com espaços limitados até mesmo suturas que necessitam de movimentos precisos e controlados.

Atualmente, a cirurgia robótica é muito utilizada na urologia, cirurgia do aparelho digestivo, cirurgia do tórax e cirurgia geral.

Benefícios da cirurgia robótica

Há muitos benefícios em optar pela cirurgia robótica quando possível, e a primeira vantagem é que ela é menos invasiva e com rápida recuperação.

Além disso, essa alternativa tem se mostrado eficaz quanto ao pós-operatório, causando menos dores e desconfortos, uma vez que os cortes são menores, e ainda evitam o risco de hemorragias e grandes perdas de sangue, o que possibilita o retorno do paciente às suas atividades em um tempo menor.

Outros riscos são diminuídos quando há o uso da cirurgia robótica, como menos infecções, menor tempo de internação do paciente, além dos dispositivos de segurança do equipamento que protegem o paciente em ações imprevisíveis feitas pelo cirurgião, bem como, nada se executa sem a ação do mesmo.

Por ser um robô, o equipamento traz em sua configuração os movimentos similares ao que um cirurgião pode executar, que por sua vez vai operar utilizando controles do tipo joystick nas mãos, enquanto que os pés também trabalham manejando 6 pedais do equipamento que agregam conforto e ergonomia também para o profissional, útil principalmente em cirurgias de longos períodos.

Cirurgia robótica no Brasil

Utilizada desde 2008, o Brasil é o país dque mais realiza cirurgia robótica na América Latina, o que significa muito em termos de avanço, bem como na popularização do método que visa a melhora da qualidade de vida das pessoas de forma geral.

Cirurgia robótica para oncologia gastrointestinal

A vantagem da cirurgia robótica para tratamento do câncer do aparelho digestivo é que o paciente pode retomar e dar continuidade no seu tratamento de quimioterapia ou radioterapia mais rapidamente, quando se julgar necessário, além do procedimento mostrar-se eficaz, quando também é comparada ao método convencional.

A saber, o robô tem um mecanismo de pega, conhecido como pinça, e seus movimentos articulados similares a um punho humano aumentam a precisão das dissecções dos tecidos e facilita as anastomoses (costuras), muito utilizadas no tratamento de doenças do aparelho digestivo.

Riscos envolvidos na Cirurgia Robótica

Ao contrário do que se imagina, esse método é considerado o tipo de cirurgia com menos riscos envolvidos dos últimos anos, inclusive, com a menor probabilidade de sequela, bem como de outras complicações, comuns em procedimentos cirúrgicos abertos.

Entretanto, por ser uma cirurgia, há um risco tal como existe na cirurgia convencional e que quando o médico sugere tal alternativa para determinado tratamento do paciente, terá ciência prévia de quais seriam.

A cirurgia robótica ainda está em crescimento no Brasil, uma vez que o equipamento e suprimentos necessários são caros e exigem qualificação e experiência para realizá-la. No futuro deverá substituir a videolaparoscopia convencional no tratamento das doenças mais complexas do aparelho digestivo.

Artigo escrito pelo Dr. Marcel Autran

Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo com área de atuação em Cirurgia Videolaparoscópica

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