Nova técnica para tratamento de câncer de pâncreas: duodeno pancreatectomia por laparoscopia
Dr. Marcel Autran Machado Especialista em cirurgia do aparelho digestivo e cirurgia minimamente invasivaPostado em: 26/04/2021
Antes de mais nada, precisamos entender como funciona a laparoscopia. Em poucas palavras, trata-se de uma cirurgia realizada com pequenos furos, o que diminui bastante o tempo e a dor da recuperação no hospital e em casa. Indica-se para cirurgias bariátricas, vesícula e atualmente, também para o pâncreas.
Além disso, ela pode ser uma cirurgia exploratória, quando serve como exame ou biópsia ou para tratar uma doença específica, como remover o tumor de algum órgão.
Por fim, dependendo o objetivo da cirurgia, o médico realizará de 3 a 6 furos na região, por onde entrará uma microcâmera com uma fonte de luz para observar o interior do organismo e o instrumentos necessários para remover o órgão ou alguma parte afetada, deixando apenas pequenas cicatrizes com tamanho aproximado de 1,5 cm.
Cirurgia para o pâncreas
Atualmente, existem 2 tipos de cirurgia utilizados para o câncer de pâncreas:
- Cirurgia potencialmente curativa: Realiza-se quando os resultados dos exames sugerem que é possível remover todo tumor.
- Cirurgia Paliativa: Geralmente, realiza-se quando os exames de imagem mostram que a doença está disseminada. Dessa forma, serve para aliviar os sintomas da doença, ou prevenir determinadas complicações, como uma obstrução intestinal. Mas vale salientar: ela não possui finalidade curativa.
Para que se escolha a melhor opção cirúrgica, é importante saber o estadiamento da doença. Assim, como é muito difícil saber o estado do pâncreas apenas por exames de imagem, às vezes, realiza-se a laparoscopia. Deste modo, é possível determinar a extensão do tumor e se ele pode ser ressecado cirurgicamente.
Cirurgias potencialmente curativas
A princípio, alguns estudos demonstram que a remoção apenas de parte do tumor, não aumenta a sobrevida. Assim, realiza-se este tipo de cirurgia apenas quando for possível a remoção de todo o tumor.
Em síntese, a cirurgia é a única chance real para a cura do câncer do pâncreas. Porém, o procedimento não necessariamente leva a ela.
Mesmo que se remova todo o tumor visível, algumas células cancerígenas remanescentes já se disseminaram para outras partes do corpo. Essas células, eventualmente, podem se transformar em novos tumores, que pode ser ainda mais difíceis de serem tratados. Assim, temos a Duodenopancreatectomia por Laparoscopia.
Duodenopancreatectomia por Laparoscopia
Como dito anteriormente, este tipo de acesso abdominal oferece menor agressão ao organismo e quando bem executada, torna-se muito melhor para o paciente. Afinal, ele sofre bem menos com as pequenas incisões cirúrgicas, há menos dor pós operatória, permanência hospitalar mais curta e maior recuperação para as atividades.
E o mais importante: pacientes que necessitam complementar o tratamento após a cirurgia com quimioterapia e radioterapia, por exemplo, podem fazer em condições clínicas bem melhores, aumentando as chances de completar esse processo.
Assim, trata-se da cirurgia mais comum para remover o câncer da cabeça do pâncreas. A cirurgia se dá sob anestesia geral, assim como para cirurgia convencional de corte. No procedimento, retira-se a cabeça do pâncreas e, às vezes, o corpo.
Além disso, removem-se partes do intestino delgado, parte do canal biliar, linfonodos próximos ao pâncreas e, às vezes, parte do estômago. Por fim,liga-se o restante do ducto biliar ao intestino delgado, para que todas enzimas biliares e digestivas possam continuar chegando ao órgão.
Existem algumas complicações cirúrgicas desse processo. Algumas, incluem vazamento entre as conexões dos órgão envolvidos na cirurgia, infecções, hemorragia, alterações gástricas, perda de peso, problemas intestinais e diabetes.
A dieta é reintroduzida pela boca, se a evolução do paciente for constante. Inicialmente, inicia-se o processo com a ingestão de alguns líquidos, progredindo para alimentos pastosos e sólidos.
Geralmente, retiram-se os drenos na alta, se não houver sinais ou risco de desenvolvimento de fístula. A grande maioria dos casos evolui com o fechamento espontâneo da fístula, não sendo necessário nenhum procedimento adicional. Por fim, a maioria dos pacientes permanece internado por 4 a 5 dias, dependendo da evolução!
Instrumentos utilizados
A laparoscopia é um exemplo de procedimento onde usa-se praticamente todo o aparato tecnológico a disposição do cirurgião: pinças de energia para dissecção e controle de sangramento, grampeadores, monitores cardíacos, bolsas extratoras, drenos.
E todos eles, cada um com sua função, são essenciais para o sucesso do procedimento. São equipes de 3 a 4 cirurgiões, dependendo do porte da cirurgia. E vale ressaltar: é de extrema importância que todos os membros estejam familiarizados com a técnica. Além disso, a participação do radiologista no planejamento da cirurgia é fundamental.
Contraindicações
Existem algumas contraindicações para este tipo de cirurgia do pâncreas, que incluem:
- Presença de outras doenças metastática(fígado, pulmão, peritônio)
- Invasão de veia e artéria mesentérica superior
Como dito anteriormente, em alguns pós operatórios, os pacientes podem desenvolver um quadro de diabetes, uma vez que o pâncreas é o órgão produtor de insulina. Como grande parte remove-se na cirurgia, o restante não consegue produzir quantidade suficiente de insulina, convertendo em um quadro diabético.
Localizada no bairro Bela Vista, em São Paulo, em frente ao Hospital Sírio Libanês, a clínica do Dr. Marcel Autran conta com um ambiente acolhedor e diferenciado, para oferecer o melhor tratamento para o paciente, levando em conta a individualidade de cada um. Pela proximidade com grandes hospitais e laboratórios, é possível realizar exames de imagem complementar na mesma hora.