Cirurgia Digestiva: saiba mais sobre a Técnica de Y de Roux com grampeador carga única
Dr. Marcel Autran Machado Especialista em cirurgia do aparelho digestivo e cirurgia minimamente invasivaPostado em: 20/05/2021
A cirurgia do aparelho digestivo trata-se de uma especialidade médica que cuida do sistema digestivo. Isto inclui esôfago, estômago, vesícula biliar, pâncreas, fígado e toda a extensão dos intestinos além do cólon reto e ânus. Assim, existem várias técnicas associadas à prática, e uma delas é a Técnica de Y de Roux com grampeador carga única.
Para entendermos o contexto, vamos começar pelo aparelho digestivo, principais componentes e cirurgias associadas.
Aparelho digestivo
O aparelho digestivo compreende órgãos que vão desde a boca, faringe, estômago, intestino grosso e delgado, reto e ânus. Os procedimentos relacionados a esta especialidade podem incluir anexos, como o fígado, pâncreas, apêndice e vesícula biliar.
Dessa forma, como a quantidade de órgão relacionados é grande, pode ser que seja preciso agir em conjunto com outras especialidades. Por exemplo, a hepatologia, em casos de problema de fígado.
Além disso, a cirurgia do aparelho digestivo também abrange exames, além da consulta comum com exame físico e histórico médico. Dessa forma, podemos citar:
- Endoscopia digestiva alta: em suma, avalia a qualidade das paredes do esôfago, estômago e duodeno, que auxiliam na identificação de doenças como úlcera e gastrite;
- Colonoscopia: avalia condições associadas ao intestino grosso.
Principais cirurgias associadas
Primordialmente, a cirurgia no aparelho digestivo realiza-se de duas formas: laparotomia, que inclui cortes no abdômen e manuseio de visão direta; ou a laparoscopia, feita através de pequenos cortes, visualização por microcâmeras e manuseio por pinças com ou sem auxílio de robô.
Esta última trouxe grandes avanços para a especialidade, pois trata-se de uma técnica menos invasiva, além de proporcionar redução nos tempos de internação e recuperação.
Técnica de Y de Roux com grampeador carga única
Trata-se de uma das técnicas mais empregadas no mundo (cerca de 80% das gastroplastias). E isto pelo fato de apresentar ótimos resultados e com uma boa qualidade de vida. Mas como realiza-se a técnica?
Primeiramente, por meio de um grampeador, divide-se o estômago em duas partes, limitando a quantidade de alimento que pode ser ingerida. Liga-se o segmento inicial, do tamanho de uma xícara de café, diretamente no intestino, que também secciona-se em sua porção inicial.
Assim, o segmento restante, formado pelo estômago, duodeno e início do intestino delgado, une-se lateralmente ao próprio intestino, formando o Y.
Portanto, o alimento passa por um pequeno segmento do estômago, e vai diretamente pro intestino, sem ter sofrido a fase inicial de digestão! Além disso, cria-se também um estreitamento na passagem do pequeno estômago ao intestino, para promover um esvaziamento mais lento.
Utiliza-se muito esta técnica para pessoas obesas, que querem perder peso. O resultado associado em médio e longo prazo são bons, as custas do baixo índice de complicações cirúrgicas e nutricionais. Vale salientar também que a diminuição da absorção de vitaminas e minerais necessitará reposição e monitoramento por toda vida.
Existe algum risco associado à técnica?
O risco é o mesmo que qualquer outra cirurgia de médio porte. O indivíduo obeso, geralmente já apresenta alterações respiratórias, circulatórias e cardíacas. A embolia pulmonar (sangue coagulado nos pulmões) é rara, e com a prevenção adequada, a mortalidade é menor que 0,3% em centros especializados.
Você ainda tem dúvidas sobre a técnica e sua aplicação? Entre em contato com a gente!