Transformação de adenoma hepático em carcinoma hepatocelular em pacientes com uso prolongado de contraceptivo oral
Os adenomas hepáticos são tumores benignos raros, cuja incidência vem aumentando desde a introdução dos contraceptivos orais. estes tumores ocorrem em mulheres em idade fértil com história de utilização de anticoncepcionais orais.
O tratamento dessas lesões permaneceu controverso durante muito tempo. O fato de que a hemorragia é uma complicação freqüente (15 a 33%), podendo levar a choque e óbito e a menor mortalidade das ressecções hepáticas, graças ao avanço tecnológico, fazem da ressecção cirúrgica a conduta de escolha no tratamento do adenoma hepático. Alguns autores acreditam que os adenomas hepáticos são lesões potencialmente malignas, com raros casos de transformação em carcinoma hepatocelular descritos na literatura.
O objetivo deste trabalho é relatar a experiência do nosso grupo tendo em vista a raridade e o pequeno número de observações relativas a associação entre o adenoma hepático e o carcinoma hepatocelular. Os autores apresentam dois casos de pacientes jovens, sexo feminino, com história de uso prolongado de contraceptivo oral cuja avaliação laboratorial demonstrou em ambos os casos aumento de fosfatase alcalina e YGT sendo o restante dos exames laboratoriais normais. A sorologia para hepatite B e C era negativa. As pacientes foram submetidas a ressecção cirúrgica com hipótese diagnóstica de adenoma hepático na Disciplina de Cirurgia do aparelho Digestivo do Hospital das Clínicas — FMUSP. A análise dos espécimes ressecados revelou a presença de áreas focais de carcinoma hepatocelular entremeando o adenoma de células hepáticas num parênquima hepático sem sinais hepatopatia. Esse nosso achado vem reforçar a teoria de que o adenoma hepático pode, em alguns casos, apresentar transformação maligna.
DESCRITORES: Tumor hepático. Adenoma hepático. Carcinoma hepatocelular. Contraceptivo oral.