Câncer de pâncreas: pancreatectomia total por laparoscopia
Dr. Marcel Autran Machado Especialista em cirurgia do aparelho digestivo e cirurgia minimamente invasivaPostado em: 21/04/2025
O Câncer de Pâncreas pode ser tratado com cirurgia curativa, quando há possibilidade de remoção completa do tumor, ou com cirurgia paliativa, indicada em estágios avançados para aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida.
Estudos mostram que a retirada parcial do tumor não traz benefícios em termos de sobrevida. Por isso, uma cirurgia curativa só é recomendada quando existe chance real de ressecção completa.
Para definir a melhor abordagem, é fundamental avaliar o estadiamento da doença. A laparoscopia diagnóstica costuma ser o primeiro passo, pois ajuda a determinar se o tumor é operável e qual técnica pode ser utilizada com segurança.
Neste texto, vou apresentar como a pancreatectomia total por laparoscopia, uma técnica minimamente invasiva, pode oferecer mais precisão e menor impacto para o paciente em casos bem selecionados. Continue a leitura para conhecer seus principais benefícios.
O que é o câncer de pâncreas?
O câncer de pâncreas é um tumor maligno que se desenvolve nas células do pâncreas — órgão fundamental para a digestão e o controle da glicose no sangue.
Embora menos comum do que outros tipos de câncer, é uma doença de alta gravidade devido à dificuldade de diagnóstico precoce e à sua evolução silenciosa. É raro antes dos 40 anos, mas sua incidência aumenta significativamente após os 60.
Na maioria das vezes, o câncer de pâncreas é um adenocarcinoma ductal, que se origina nas células que revestem os dutos responsáveis pela condução das enzimas digestivas produzidas pelo órgão.
A maior parte dos tumores ocorre na cabeça do pâncreas, região mais próxima das vias biliares, mas também pode surgir no corpo e na cauda da glândula. Os sintomas variam de acordo com a localização e o estágio da doença.
Entre os sinais mais comuns estão:
- Perda de apetite e de peso sem explicação;
- Fadiga e fraquezas persistentes;
- Diarreia ou fezes claras;
- Dor abdominal ou nas costas, de intensidade progressiva;
- Icterícia (pele e olhos amarelados);
- Alterações na glicemia por redução na produção de insulina.
O diagnóstico precoce é desafiador, mas essencial para ampliar as possibilidades de tratamento e melhorar o prognóstico.
A cirurgia pode curar o câncer de pâncreas?
A cirurgia é a única opção de tratamento com potencial curativo para o câncer de pâncreas. No entanto, isso não significa que todos os pacientes serão curados após o procedimento.
Em muitos casos, as células tumorais podem ter se disseminado antes da intervenção cirúrgica, levando à recidiva da doença mesmo após a remoção completa do tumor.
A indicação da cirurgia curativa depende de vários fatores, como a localização do tumor, ausência de metástases e condições clínicas do paciente.
Tumores na cabeça do pâncreas tendem a ser detectados mais precocemente, pois costumam obstruir o ducto biliar e causar icterícia — coloração amarelada da pele e dos olhos. Esse sinal chama atenção e facilita a investigação, aumentando as chances de identificação em estágios iniciais.
O que é a pancreatectomia total?
A pancreatectomia total é um procedimento cirúrgico em que todo o pâncreas é removido, junto com estruturas próximas, como:
- Vesícula biliar;
- Duodeno (parte inicial do intestino delgado);
- Porção do intestino delgado;
- Baço (em alguns casos).
Essa abordagem cirúrgica é recomendada em casos específicos, como tumores que acometem todo o pâncreas ou tumores intraductais papilares mucinosos (IPMN), que comprometem o ducto pancreático principal.
A remoção completa do pâncreas leva ao desenvolvimento de diabetes insulinodependente, devido à perda da produção de insulina, além da necessidade de suplementação enzimática para a digestão.
Por isso, a pancreatectomia total é sugerida apenas quando essencial para o controle da doença, após avaliação criteriosa por uma equipe médica especializada.
Pancreatectomia total por laparoscopia ou cirurgia robótica
As técnicas minimamente invasivas, como a laparoscopia e a cirurgia robótica, têm se destacado no tratamento do câncer de pâncreas por proporcionarem maior segurança, menor trauma cirúrgico e recuperação mais rápida.
Na pancreatectomia total laparoscópica, pequenas incisões são feitas no abdômen para a introdução de uma microcâmera de alta definição e instrumentos cirúrgicos especializados. Essa abordagem oferece:
- Visualização ampliada e precisa da anatomia;
- Dissecção controlada de estruturas nobres;
- Menor sangramento intraoperatório;
- Redução de dor no pós-operatório;
- Tempo de internação mais curto;
- Retorno mais rápido às atividades diárias.
Já a cirurgia robótica utiliza os princípios da laparoscopia, mas com o suporte de um sistema avançado, que oferece visão tridimensional, maior amplitude de movimento e precisão milimétrica — recursos úteis em áreas de difícil acesso, como o pâncreas.
Desde 2018, em casos selecionados, priorizo a cirurgia robótica para oferecer o melhor controle cirúrgico e resultados oncológicos, com menor impacto funcional para os pacientes.
Riscos da pancreatectomia total
Como em qualquer cirurgia de grande porte, a pancreatectomia total apresenta riscos que devem ser avaliados cuidadosamente. As principais complicações incluem:
- Sangramento intraoperatório;
- Esvaziamento gástrico retardado, que pode atrasar a reintrodução da alimentação oral;
- Fístula biliar, que ocorre quando há vazamento de bile após a cirurgia.
Apesar desses desafios, o procedimento é seguro quando realizado por uma equipe experiente em centros especializados.
É possível viver sem o pâncreas?
Sim, é possível viver sem o pâncreas. No entanto, sua retirada leva à perda da produção de insulina e enzimas digestivas.
Isso exige monitoramento contínuo com um endocrinologista para o controle rigoroso da glicemia, com o uso de insulina, além da suplementação enzimática para a digestão adequada dos alimentos.
Com um acompanhamento multidisciplinar adequado, muitos pacientes conseguem manter uma boa qualidade de vida após a cirurgia.
Conclusão
A pancreatectomia total por laparoscopia ou cirurgia robótica é um avanço significativo no tratamento do câncer de pâncreas, proporcionando maior precisão, menor trauma cirúrgico e recuperação mais rápida.
Embora, em muitos casos, seja a única possibilidade de cura, sua indicação deve ser criteriosa, considerando exames de imagem de alta definição e avaliação por uma equipe multidisciplinar para assegurar os melhores resultados oncológicos e funcionais.
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Dr. Marcel Autran César Machado
Cirurgião do Aparelho Digestivo
CRM-SP: 70330 | RQE: 95617 / 956171
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