Hérnia Inguinal Tem Perigo de Estourar?
Dr. Marcel Autran Machado Especialista em cirurgia do aparelho digestivo e cirurgia minimamente invasivaPostado em: 12/06/2024
A hérnia inguinal é uma das condições mais comuns que vejo no consultório, e a dúvida mais frequente entre meus pacientes é: a hérnia inguinal tem perigo de estourar?
Essa preocupação é compreensível, já que a ideia de algo “estourando” no organismo traz grande apreensão. Hoje, vou esclarecer essa dúvida e explicar como essa condição pode ser tratada de forma segura. Continue a leitura para entender melhor!
O que é a hérnia inguinal?
Para começar, é importante entender o que é exatamente uma hérnia inguinal. As hérnias ocorrem quando um órgão, ou parte de um órgão, se desloca e passa por uma abertura em uma parte do corpo onde não deveria estar.
Isso pode acontecer em várias regiões do corpo, mas quando ocorre na região inguinal — ou seja, na virilha —, chamamos de hérnia inguinal.
Essa condição ocorre quando uma parte do intestino ou do tecido abdominal se projeta através de uma cavidade na parede abdominal, formando uma protuberância na área da virilha. Os sintomas mais comuns da hérnia inguinal incluem:
- Sensação de peso ou queimação na região;
- Protuberância visível, especialmente quando o paciente tosse ou carrega peso;
- Desconforto que pode variar de leve a intenso.
Em muitos casos, a hérnia inguinal pode ser assintomática, sendo descoberta acidentalmente durante exames de rotina.
Para diagnosticar essa condição, utilizo exames como a ultrassonografia ou a tomografia computadorizada, que ajudam a identificar o tamanho e a localização da hérnia.
O surgimento de uma hérnia pode ser favorecido por fatores como obesidade, tabagismo, gravidez ou histórico familiar de hérnias, o que significa que algumas pessoas estão naturalmente mais predispostas a desenvolvê-las.
A hérnia inguinal tem perigo de estourar?
Agora, respondendo à pergunta que mais intriga os pacientes: a hérnia inguinal pode estourar? A resposta é que, tecnicamente, uma hérnia inguinal não “estoura” como algo explodindo.
O que realmente pode acontecer é o encarceramento ou estrangulamento da hérnia, situações que requerem atenção imediata.
Quando falamos sobre o perigo de uma hérnia inguinal, estamos nos referindo a essas duas complicações:
- Encarceramento: Esse termo é usado quando a hérnia fica presa na cavidade em que se formou. Isso impede que o órgão ou tecido envolvido se mova de volta para a posição correta, levando a sintomas como dor intensa, náuseas, vômitos, cólicas e até dificuldade para liberar gases. Nesse ponto, o desconforto começa a ser mais grave e o risco de complicações aumenta.
- Estrangulamento: Esta é a complicação mais perigosa, e ocorre quando o fluxo sanguíneo para a parte do órgão herniado é interrompido. Isso acontece porque a hérnia sofre uma torção ou compressão, impedindo o recebimento de sangue e oxigênio na região afetada. O estrangulamento pode causar a necrose do tecido, ou seja, a morte da parte do intestino ou do tecido afetado. Se não for tratado rapidamente, pode haver o rompimento dessa parte do órgão, colocando a vida do paciente em risco. Por isso, o estrangulamento da hérnia requer uma cirurgia de emergência.
Como é o tratamento da hérnia inguinal?
O tratamento da hérnia inguinal depende da gravidade da condição e dos riscos associados. Na maioria dos casos, a cirurgia é o tratamento mais indicado, especialmente para evitar as complicações de encarceramento e estrangulamento que mencionei acima.
A cirurgia é recomendada principalmente quando a hérnia já é visível ou quando os sintomas estão presentes. No entanto, em alguns casos, a cirurgia pode ser adiada ou não recomendada.
Isso ocorre quando a hérnia é muito pequena ou quando o paciente apresenta condições médicas que tornam a cirurgia muito arriscada.
Quando a cirurgia é necessária, o procedimento pode ser realizado de duas maneiras:
- Laparoscopia: Esse método é minimamente invasivo e envolve a realização de pequenas incisões no abdômen. Com a ajuda de uma câmera, o cirurgião consegue ver a hérnia e realizar a reparação. Essa técnica é menos agressiva, proporcionando uma recuperação mais rápida e com menos dor no pós-operatório.
- Cirurgia aberta: Em alguns casos, a cirurgia convencional, ou aberta, é necessária. Nesse procedimento, uma incisão maior é feita para que o cirurgião possa acessar diretamente a hérnia e realizar a correção.
Em ambos os casos, é comum que uma tela de reforço seja utilizada para fortalecer a parede abdominal e evitar que a hérnia volte a ocorrer. A escolha entre a laparoscopia e a cirurgia aberta depende da condição específica do paciente e das preferências do cirurgião.
Para pacientes que não podem se submeter à cirurgia imediatamente, é essencial manter um acompanhamento médico regular para monitorar o desenvolvimento da hérnia e prevenir complicações.
Conclusão
Agora que você sabe mais sobre o perigo de uma hérnia inguinal, espero ter ajudado a esclarecer as suas dúvidas.
Embora essa condição possa permanecer por um tempo sem causar grandes problemas, o risco de estrangulamento ou encarceramento torna fundamental o acompanhamento médico e, em muitos casos, a realização de uma cirurgia para corrigir a hérnia.
Se você foi diagnosticado com uma hérnia inguinal, não ignore os sintomas e busque um tratamento adequado para evitar complicações.
Como cirurgião especializado no aparelho digestivo, estou à disposição para ajudar com uma avaliação e discutir o melhor plano de tratamento para o seu caso.
Caso tenha ficado com dúvidas ou queira agendar uma consulta, estou à disposição para atendê-lo e esclarecer todas as questões. Agende um horário e cuide da sua saúde!
Dr. Marcel Autran Machado
Cirurgião do Aparelho Digestivo
CRM-SP: 70.330 I RQE: 95.617 I 956.171
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