Filho JA, Machado MA, Nani RS, Rocha JP, Figueira ER, Bacchella T, Rocha-e-Silva M, Auler JO Jr, Machado MC

Clinics

Hypertonic saline solution increases cerebral perfusion pressure during clinical orthotopic liver transplantation for fulminant hepatic failure

Neste estudo testamos a hipótese de que os efeitos benéficos decorrentes da administração da solução salina hipertônica (NaCl 7,5%, 4 mL/kg) sobre a hemodinâmica sistêmica e cerebral na hipertensão intracraniana e no choque hemorrágico, possam atenuar a diminuição da pressão de perfusão cerebral que freqüentemente acompanha o transplante do fígado para hepatite fulminante.

MÉTODO: Foram estudados 10 pacientes com hepatite fulminante em encefalopatia grau IV e monitorização de pressão intracraniana submetidos ao transplante do fígado. A hemodinâmica sistêmica e cerebral de 3 pacientes que receberam solução salina hipertônica durante a fase anepática (Grupo SSH) foi analisada comparando com os dados obtidos de 7 pacientes transplantados anteriormente nas mesmas condições (Grupo Controle). Os valores de pressão intracraniana máxima e a correspondente pressão arterial média foram coletados em quatro tempos: (T1) nos últimos 10 min da fase de disseccão, (T2) nos primeiros 10 minutos da fase anepática, (T3) no final da fase anepática e (T4) nos primeiros 5 min da reperfusão RESULTADO: Imediatamente após a infusão da solução salina hipertônica a pressão intracraniana diminuiu 50,4%. Nos primeiros 5 min da reperfusão a pressão intracraniana no Grupo SSH se manteve estável e todos os pacientes apresentavam pressão intracraniana menor que 20 mmHg enquanto no Grupo Controle a pressão intracraniana aumentou 46,5% (p<0,001). O Grupo SSH apresentou maior estabilidade hemodinâmica, nos primeiros 5 min da reperfusão hepática, a pressão arterial média no Grupo SSH aumentou 21,1% e no Grupo Controle diminuiu 11,1% (p<0,001). Nos primeiros 5 min da reperfusão a pressão de perfusão cerebral no Grupo SSH aumentou 28,3% e no Grupo Controle diminuiu 28,5% (p< 0,001). A natremia no final da fase anepáica e após 3 horas da reperfusão foi significativamente maior no Grupo SSH ( 153.00 ± 2.66 and 149.00 ± 1.73 mEq/L) que no Grupo Controle (143.71 ± 3.30 and 142.43 ± 1.72 mEq/L), p=0.003 e p< 0.001 respectivamente.

CONCLUSÃO: Estes resultados sugerem que a solução salina hipertônica pode ser utilizada com sucesso como medida neuroprotetora no transplante de fígado para hepatite fulminante, promovendo diminuição efetiva da pressão intracraniana e estabilidade cardiocirculatória, proporcionando aumento sustentado da PPC durante a cirurgia.